EXTRAS EPISÓDIO 19
Na denúncia do Ministério Público consta que o ritual teria ocorrido no dia sete de abril às sete e meia da noite. Beatriz alega que neste horário ela estava em casa recebendo os policiais do Grupo TIGRE. Roberto Pencai confirma isso no júri de 2004. Em 9 de março de 1993 o policial Blaqueney Murilo Iglesias também dá um relato parecido com o do seu então colega Rogério Podolak Pencai, com mais detalhes sobre o que aconteceu naquela noite.
7 DE ABRIL DE 1992
Como primeira-dama Celina era coordenadora de creche de Guaratuba e por conta do desaparecimento de Evandro no dia anterior teria passado o dia realizando uma série de reuniões com coordenadoras das creches da cidade. A mais importante teria ocorrido à tarde e terminado por volta das 19:00. Em depoimentos prestados em setembro desse mesmo ano todas as citadas confirmaram que essa reunião ocorreu e realmente terminou por volta dessa hora. Uma das participantes em especial era uma mulher chamada Maria José da Conceição, que era uma das funcionárias mais próximas de Celina. Chegou a depor no julgamento de Beatriz em 2011.
TARDE
Aldo Abagge teria recebido a ligação de um amigo chamado Nelson Cordeiro (aka Nelson Bode), dono de um posto de gasolina fornecia combustível para a serraria Abagge. Na ligação Nelson convidava Aldo para a sua festa de aniversário naquela noite. Beatriz dizia que havia tido uma reunião com sua amiga Eliane Borba, as duas trabalhavam juntas num projeto de formação de um centro de tratamento de crianças, a reunião teria ocorrido na casa da família Abagge das 14:00 às 18:30. Eliane confirmou que a reunião realmente ocorreu no depoimento que prestou em setembro de 1992.
De acordo com o Ministério Público o ritual teria ocorrido após essas reuniões. As defesas de Celina e Beatriz buscaram testemunhas que pudessem confirmar seus álibis para aquela noite. A defesa diz que após as reuniões à tarde Celina chegou em casa, onde já estava Beatriz e seus filhos e após isso Aldo chegou.
NOITE
Algumas pessoas apareceram na casa para visitá-los:
- O padre Adriano Franzoi, da paróquia de Guaratuba;
- O vereador Edílio da Silva, que foi perguntar se Aldo iria até a festa de Nelson;
- Durante o jantar Aldo informa Celina que eles foram convidados para a festa. Celina primeiramente recusa mas acaba aceitando ir;
- O vereador José Travasso passou por lá, tomou um café e viu Beatriz e o padre conversando. Ficou lá por volta de 20 minutos e saiu junto de Aldo e Celina;
- Beatriz ficou na casa com o padre;
- Na festa Celina e Aldo encontram com Nelson e com Edílio da Silva;
- Enquanto estavam na festa o Grupo TIGRE e Paulo Brasil chegam na casa dos Abagge. Paulo conversou apenas com a empregada enquanto os policiais ficaram no carro esperando. Como o prefeito não estava o Grupo TIGRE foi até a casa dos pais de Evandro;
- Quando os policiais voltaram para casa aldo e celina ainda estavam na festa. dessa vez eles entraram, ainda acompanhados de Paulo Brasil e esperaram o casal retornar, o que aconteceu pouco tempo depois;
- Conversaram por um tempo até que chega Diógenes caetano, que discutiu com Aldo Abagge sobre o impedimento da imprensa para falar com os pais de Evandro.
Todos esses eventos são amplamente confirmados por uma série de testemunhas, o problema é que os horários que elas citam não se encaixam. Em depoimento prestado em setembro de 1992, Edílio afirma que chegou na casa dos Abagge às 19:30 e falou com Aldo e o padre. Foi para a festa de Nelson e chegou lá às 20:00 e que Celina e Aldo chegaram logo em seguida. Já Nelson, em depoimento prestado no mesmo período, dizia que os dois chegaram na festa após às 21:00, quase uma hora depois do relatado por Edílio da Silva.
[DOWNLOAD] Tabela Testemunhas – Álibi Abagge (7 de Abril 92)
Contudo a linha do tempo fica ainda mais confusa quando vemos os depoimentos dos membros do grupo TIGRE. Em um depoimento prestado em março de 1993 o policial Blaqueney disse que eles chegaram em Guaratuba às 19:00, foram encontrar Paulo Brasil e chegaram na casa dos Abagge às 20:00, horário que de acordo com ele Celina e Aldo já teriam saído de casa. Já o policial Pencai, diz que eles chegaram em Guaratuba no final da tarde e teriam ido logo em seguida para a casa do prefeito, que já teria ido a festa com sua esposa.
Os policiais do Grupo TIGRE dizem que por não terem encontrado o casal Abagge foram até a casa dos pais de Evandro. No relato de Blaqueney prestado em 9 de março de 1993 eles chegaram na casa dos Abagge por volta das 20:00 e só retornaram por volta das 23:00. Beatriz afirma, em pelo menos duas ocasiões, que os policiais não demoraram nem 20 minutos para voltar.
Para o Ministério Público todas as testemunhas eram muito próximas dos acusados e podiam estar mentindo e dada a imprecisão de horários daria tempo para o suposto ritual ter ocorrido. Hipoteticamente falando as coisas poderiam ter ocorrido na seguinte ordem:
Da casa das Abagge até a serraria eram doze minutos de carro;
- Se elas saíram de casa às 19:00 chegariam na para a serraria por voltas das 19:30;
- O ritual teria levado cerca de 30-45 minutos, incluindo o sacrifício e limpeza do local terminando tudo às 20:00;
- De lá até o matagal onde o corpo foi encontrado são 15 minutos de carro, deixando o corpo lá por volta das 20:15;
- A volta levaria mais 11 minutos, chegariam em casa por volta das 20:30 e aí receberam todos os visitantes que vieram. Aldo e Celina foram para a festa e o Grupo TIGRE chegaria por volta das 21:00.
É pouco provável que um ritual dessa magnitude tenha ocorrido em tão pouco tempo, incluindo uma limpeza minuciosa, ainda mais se considerar que os funcionários do local trabalharam lá sem notar nada durante os dias seguintes. O Ministério Público argumenta dizendo que um dos indícios que comprovam a ocorrência do ritual no escritório seria uma reforma que ele passou, a reforma foi confirmada pelos funcionários porém ocorreu dias depois.
Para Diógenes, em seu livro, não teria risco dos funcionários notarem alguma sujeira ou sentir o cheiro pois eles foram dispensados durante toda aquela semana. Segundo ele foi a primeira vez em 50 anos da existência do local que houve dispensa coletiva, que ocorreria apenas em períodos de escassez de matéria-prima e ainda assim o pessoal da limpeza e manutenção nunca foram dispensados. dessa vez todos os funcionários foram dispensados, incluindo o vigia. O problema dessa afirmação é que anexado aos autos do processo temos o livro ponto da serraria naquela semana, mostrando que os funcionários trabalharam normalmente naquele semana.
[DOWNLOAD] Folha Ponto da Serraria entre os dias 1 e 12 de Abril de 1992
Ainda assim para a acusação o livro ponto poderia ter sido adulterado ou os funcionários e testemunhas poderiam estar mentindo. O vereador Edílio da Silva era cliente de Osvaldo e havia depoimentos de testemunhas que afirmam que ele fazia parte do grupo que buscava formar um novo terreiro. Isso fez com que o Ministério Público a oferecer uma denúncia de falso testemunho contra ele em janeiro de 1993, alegando que ele ocultou essas informações no seu depoimento. na ocasião ele disse que foi algumas vezes na casa de Osvaldo mas que não se considerava amigo dele. Posteriormente ele se justificou ao Ministério Público que não informou que fazia parte do grupo de osvaldo porque isso não lhe foi perguntado na ocasião, o Ministério Público aceitou a justificativa e retirou a acusação de falso testemunho.
Já o vereador José Travasso ficou encarregado de administrar a serraria após a prisão dos acusados. No depoimento prestado em dezembro de 1992 relatou que isso colocou sua candidatura a reeleição em risco e foi até mesmo ameaçado de morte. A esposa dele era prima de Evandro, fazendo com ele que pudesse estar tanto no lado da acusação quanto da defesa.
O padre Franzoi poderia ajudar a esclarecer o que exatamente aconteceu na noite do dia sete de abril, ele frequentava a casa dos Abagge com frequência e foi visto por pelo menos quatro testemunhas. Pelos relatos tudo leva a crer que o padre teria ficado lá por mais tempo, quase a noite inteira. Em todos os anos que o caso ocorreu o padre foi chamado para depor diversas vezes mas sempre recusou. em um documento assinado por ele datado de 9 de setembro de 1992 para a Dr. Anésia Edith Kowalski ele dizia que em razão do seu ofício como padre não poderia depor. Contudo ele pelo menos conversou com repórteres na época, como podemos notar em uma matéria no jornal Tribuna da Bahia datada do dia 22 de agosto de 1992 no qual ele diz não se recordar de ter ido até a casa dos Abagge na noite do dia 7 de abril. Ele também deu uma entrevista no Bom Dia Paraná, que parece ter ocorrido em julho poucos dias após a prisão dos acusados.
Paulo Brasil realmente afirmava que foi até a casa de Aldo pouco depois das 19:00, o que não se encaixa em nenhum relato de outra testemunha já que todos dizem que Aldo e Celina foram até a festa depois das 20:00. Ele também afirmava que quem o informou disso foi a empregada e o fato de que ele não verificou se havia mais alguém da família na casa não significa que Beatriz não estava lá. ela realmente poderia estar na sala conversando com o padre como afirma o álibi dela. Paulo deu esse depoimento mais de um anos após esse dia, o que pode atrapalhar a sua memória quanto ao horário. De qualquer forma não foi isso que o Ministério Público entendeu.
Vamos levar em consideração o relato de Diógenes, onde ele afirma que na noite do dia sete de abril viu Paulo Brasil impedindo repórteres falar com a imprensa. A primeira vez que ele menciona isso foi na denúncia ao Ministério Público feita dia 29 de maio de 1992. Nessa declaração ele ainda dizia que tudo ocorreu na noite do dia oito de abril e depois passou a dizer que foi no dia sete. Ele levou dois repórteres às 22:00 da noite do dia oito para fazer a reportagem, foram impedidos e ameaçados por Paulo mas mesmo assim gravaram a matéria. Após se despedir dos repórteres foi até a casa de Aldo Abagge pedir explicações e chegando lá encontrou o prefeito, Celina, Paulo e os policiais do Grupo TIGRE. Se isso realmente ocorreu isso teria que acontecer no momento que Paulo levava os policiais para falar com os pais de Evandro.
O depoimento de Paulo não cita Diógenes ou os repórteres e quando chegou na casa dos pais de Evandro conversou com o pai e voltou para a casa do prefeito, por volta das 22:00 e 23:00. O depoimento de Blaqueney também não condiz com o relato de Diógenes. Ele cita que foi até a casa da família Caetano, falou com o pai de Evandro e nada mais. sobre os jornalistas ele diz que quando chegaram em Guaratuba encontraram repórteres de uma rádio de Curitiba, a quem ele teria pedido cautela na divulgação do ocorrido. Ele não cita o momento que Diógenes teria ido na casa de Aldo Abagge.
O Grupo TIGRE realmente recomendava cautela no divulgação do caso pois temiam que isso pudesse assustar a pessoa que o raptou. Paulo Brasil realmente teria impedido os jornalistas? Porque Diógenes nunca citou que o Grupo TIGRE estava com Paulo naquela noite? E porque nem o Grupo TIGRE nem Paulo Brasil mencionam esses fatos?
Parece que cada vez que os horários e eventos das testemunhas não se encaixam o depoimento de Andréia ganhava cada vez mais força, uma vez que o relato dela preencheria alguns buracos que as linhas de tempo da defesa deixavam para trás.
NOVAMENTE, O DEPOIMENTO DE ANDREA
Na noite do dia sete Beatriz estaria em casa recebendo os policiais do Grupo TIGRE mas o depoimento de Andreia a coloca na casa de Osvaldo. Em outro momento ela fornece mais informações que só pioram o lado dos acusados, como por exemplo, o fato de dia sete ter sido uma terça-feira, dia de comida de santo com sacrifícios de animais, visando a abertura de caminho para o sucesso. Ou então quando ela fala do comportamento e temperamento de Osvaldo, sendo completamente submissa ao mesmo, vivendo sob medo e agressões, e que não nutria nenhum sentimento por ele que pudesse atrapalhar a verdade dos fatos.
O depoimento dela mostra um Osvaldo abusivo, que tinha contato com pessoas poderosas da cidade e que naquela noite saiu de branco para fazer um trabalho espiritual, levando com ele De Paula e Beatriz.
Perto do final desse depoimento um dos advogados de Beatriz afirma que ela não apresentava condições depor com imparcialidade, segundo seu parecer, visto que era companheira de Osvaldo fazia muito tempo. O pedido foi negado uma vez que naquela altura não era mais possível negar a testemunha.
Outro momento é quando ela relata que Osvaldo não teria ficado contente com De Paula ter tentado incorporar uma entidade para ajudar a encontrar o paradeiro de Evandro. quando chegaram na casa dos pais de Evandro entraram no quarto do menino para fazer orações e De Paula teria incorporado uma entidade chamada “Zé Pretinho” que disse que o menino estava bem. A entidade teria dito que estava fraca e precisava de mais tempo e força para responder com mais clareza. Após isso De Paula foi até a casa de Antonio Costa e tinha a intenção de incorporar a entidade novamente mais tarde, o que teria tentado fazer quando Davina e Mário foram ao encontro deles e foi feita as buscas durante a madrugada.
De acordo com Andreia quando de Paula tentou incorporar a entidade pela segunda vez não teria obtido sucesso uma vez que teria ingerido três cervejas na casa de Antonio Costa, a entidade seria muito rigorosa e não admite bebidas alcoólicas. na ocasião de paula incorporou um Sete de Lira, que passou informações sobre Zé Pretinho e que durante o jantar. Osvaldo teria indagado De Paula sobre seu consumo de cerveja e sua preocupação seria quanto ao resultado final, se Evandro fosse encontrado vivo todas as glórias e sucesso seriam dos pais de santo Osvaldo e De Paula mas se não tivessem sucesso seriam desacreditados pela população.
A DOBRADINHA
Em 17 de Novembro de 1992, uma mulher chamada Marilda Cunha presta um depoimento dizendo que era frequentadora daquele bar, e que a dobradinha era um prato especial que levava o nome do restaurante – logo, prato “samburá”.
Ela afirma também que o prato só passou a ser servido nas quartas-feiras a partir de Maio daquele ano. Ou seja, na noite dia 7 de Abril, ele estaria sendo servido. E como prova disso, ela leva páginas do jornal Folha de Guaratuba, e na sessão de anunciantes está lá bem claro um anúncio do Samburá.
MEDO?
Após a prisão dos acusados, Antonio Costa tenta se afastar dos réus. Isso fica evidente em um texto publicado na Folha de Guaratuba em Julho de 92. O texto chama-se “Meu Maior Pecado”.
Contudo, no decorrer do caso, tanto Antonio Costa quanto sua esposa, Malgareth Costa, passam a compor o rol de testemunhas de defesa dos réus, especialmente as Abagge. Por que será que ele teria então publicado o texto acima? Teria ele medo de ser considerado um potencial culpado também? Talvez houvesse motivos para se temer isso. Basta ver um folheto que circulava por Guaratuba, intitulado “Você Sabia?”, assinado pela Associação dos Pais e Mães de Guaratuba, nos quais são elencados vários “fatos” (na verdade, boatos) que poderiam querer dizer que a suposta “seita” formada pelos acusados teriam mais pessoas envolvidas – entre elas, Antonio Costa.
[DOWNLOAD] Folheto “Você Sabia?”, assinado pela Associação de Pais e Mães de Guaratuba
6 DE ABRIL DE 1992 – O DIA DO DESAPARECIMENTO
MANHÃ
Celina foi para Curitiba por volta das 08:30, desistiu por conta do atraso do ferry boat e foi com aldo até o apartamento que tinham lá e após isso foram almoçar. teriam retornado para Guaratuba por volta das 18:30, e soube do desaparecimento de Evandro.
De acordo com uma argumentação do Ministério Público datada de 25 de novembro de 1993, onde o dentista de Celina – Vilmar Arruda Garcia – foi ouvido, ele informa que ela não possuía consulta marcada para aquele dia. No dia 9 de outubro de 1992 o dentista de Celina presta depoimento, ele constatou que no dia 4 de abril de 1992, um sábado, recebeu uma visita das duas no seu consultório em guaratuba, tratou Beatriz e pediu para Celina ir até o consultório de Curitiba na segunda-feira, dia 6 de abril. Nesse dia Celina telefonou para ele para avisar que não seria possível ir até o consultório, uma vez que se atrasou para chegar lá e ainda precisava fazer outras coisas em Curitiba. ele não se recorda do horário quando isso teria ocorrido e celina tão pouco disse a que horas retornaria para Guaratuba.
Para o Ministério Público, Vilmar teria afirmado que Celina não tinha hora marcada para essa consulta, podendo aparecer a qualquer hora e sendo assim não faria ela ligar para desmarcar sua consulta. No depoimento de Vilmar ele afirma que a consulta estava marcada para amanhã e ele não sabia que horas ela voltaria para Guaratuba.
Um homem chamado Carlos Cunha Neto teria afirmado em depoimento que teria recebido uma visita de Celina no dia 6 de abril. Ele era ex-noivo de Beatriz e Celina teria ido devolver as alianças, ficando lá até por volta das 19:00. Esse evento não foi mencionado no seu álibi original
Já o álibi de Beatriz prestado no depoimento de 28 de julho de 1992: ela teria levantado por volta das 11:30, quando chegou sua amiga Eliane Borba Matoso e por volta das 14:00 foi até o Banco do Estado do Paraná em companhia de Maria José Conceição, uma secretária de Celina. Em seu depoimento de 14 de setembro de 1992, Maria José afirmou que nesse dia chegou na residência das Abagge por volta das 08:20, hora em que Celina e Aldo estavam saindo para Curitiba e teria esperado Beatriz acordar. Ela confirma que foi ao banco da mesma forma que Beatriz afirmou.
Já no depoimento prestado por Eliane Borba em 10 de setembro de 1992 ela afirmou que era amiga de Beatriz porém não muito próxima, a relação seria mais profissional. Eliane diz que no dia 6 de abril estava em Curitiba e só teria retornado para Guaratuba por volta das 19:00. Beatriz argumenta que Eliane frequentemente ia na casa dela às segundas porém isso não foi o suficiente para o Ministério Público.
REPÓRTERES IMPEDIDOS DE FALAR COM A FAMÍLIA?
Durante o processo todo, Diógenes Caetano dos Santos Filho afirmava que o que teria levantado suas suspeitas em relação à família Abagge teria sido quando Paulo Brasil, o assessor da prefeitura, teria tentado impedir a família Caetano de falar com a imprensa na noite do dia 7 de Abril (terça). Em seu depoimento ao Ministério Público de 29 de Maio de 1992, ele dizia que teria presenciado isso quando tentou levar dois repórteres da Rádio Clube para falar com os pais de Evandro: Valter Viapiana e Fernando Cruz.
Fernando Cruz afirma em entrevista que encontrou os policiais do Grupo TIGRE no ferry boat, na saída de Guaratuba para Curitiba enquanto os policiais do Grupo TIGRE estavam chegando de Curitiba, provavelmente por volta das 23:00. De acordo com o relato de Fernando, Diógenes foi quem levou ele e Valter Viapiana para a casa da família Caetano – e eles nunca teriam sido impedidos de falar com a família Caetano, nem por Paulo Brasil, nem por ninguém. Ele não se recorda de ninguém tentando impedir a realização do seu trabalho, mas afirma que é um procedimento normal os policiais pedirem aos jornalistas para terem cautela ao reportar acontecimentos daquela magnitude.
Após as prisões, duas testemunhas surgiram e ajudaram o Ministério Público formar sua denúncia. Uma delas disse que na manhã do dia 6 de abril viu Celina, Beatriz, De Paula e Osvaldo num carro sequestrando Evandro. A outra diz que viu na noite do dia 7 de abril os sete acusados chegando na serraria Abagge e que eles estavam de branco, as mesmas roupas que Andreia relata ter visto Osvaldo e Vicente usando pouco antes de saírem de casa no dia sete. Essa testemunha era o guardião da serraria Abagge.